Parentalidade Positiva e Método Montessori: duas faces da mesma moeda?

Uma atividade fantástica: procura o par, põe do lado certo e dá-me para eu dobrar. Eu consigo dobrar as meias (que parecem nunca ter fim!), ao mesmo tempo que brincamos juntos


Antes de ter Filhos, eu tinha muitas teorias sobre educação, sobre o que é ou não aceitável em termos de comportamento das crianças, sobre o que se deve ou não fazer e de que forma reagir em determinadas situações.


Durante a gravidez do Miguel, fui mudando a minha perspectiva e comecei a concentrar-me mais na aprendizagem de como funciona o cérebro dos miúdos. Nessa altura descobri que grande parte das coisas que ouvimos, sobre as crianças quererem manipular, ganhar, ou testar os Pais é mito. Comecei a perceber que não podemos ver o desenvolvimento das crianças, centrando-nos em nós. Quando uma criança "teima" que quer mexer num determinado bibelot, não o faz para NOS testar, provocar, desobedecer ou afins. Fá-lo porque esse objeto despertou a SUA curiosidade (que é inata). Fá-lo porque nasce com uma apetência natural pelo Mundo que a rodeia.

Por isso, fui tentando sempre perceber quais os estágios de desenvolvimento dos miúdos, o que os poderia ajudar, em cada momento, a irem mais longe, a alcançarem o seu máximo potencial. Preocupa-me a questão de terem bons alicerces para os seres humanos que estou a ajudar a construir.

Desde que comecei a ler mais sobre o assunto, que a Parentalidade Positiva fez todo o sentido para mim. Como diz a Magda Gomes Dias (autora do blog "Mum's the Boss", do qual sou uma fiel leitora), no seu livro "Crianças Felizes", esta é "uma filosofia que promove a relação entre Pais e Filhos com base no respeito mútuo e, porque esse respeito mútuo existe, a educação da criança é feita de forma altamente construtiva". A criança "é incentivada a pensar, a escutar-se e a escutar os outros, porque ela própria é escutada".
Claro que tudo isto envolve um autoconhecimento grande por parte dos adultos. Porque todos temos os nossos dias bons e maus, porque há coisas que nos tiram do sério, porque o dia a dia com os miúdos nem sempre é como aqueles 10 segundos que vemos nos filmes. Mas, para mim, o mais importante é termos esta preocupação, ao mesmo tempo que temos a certeza que vamos errar muitas vezes, que vamos reagir no momento de uma forma que, mais tarde, percebemos que não foi a mais correta. Mas tudo é uma questão de hábito. Por um lado, temos que quebrar os hábitos com que crescemos, que fomos vendo, que fomos criando. Por outro lado, temos que criar novos hábitos de educação, que nos façam sentir mais Felizes, que nos façam acreditar que desta forma estamos a ajudar a criar seres humanos mais preparados para enfrentar tudo o que a vida tem para lhes dar.

Curiosamente (ou talvez não...), acho que isto tem tudo a ver com os princípios do Método Montessori, do início do séc. XX, e com o qual tomei contacto recentemente (podem ver mais informação sobre este método aqui). Uma das máximas de Maria Montessori era "Ajuda-me a fazer por mim mesmo". Ou seja, cabe-nos a nós, adultos, fornecer à criança as ferramentas para que ela possa fazer as coisas sozinha, ao seu ritmo. Dando um exemplo muito prático, cabe ao Adulto dar a colher de sopa à criança, para que ela possa comer sozinha e não dar-lhe a sopa à boca (eu contra mim falo!!!). Nos dois workshops que tive sobre o assunto, ficou evidente que existe um imenso respeito pela criança, pelos seus interesses, pelo que ela escolhe fazer (com as respetivas consequências!).

Salvaguardando as diferenças que estas duas vertentes possam ter (eu não sou especialista em nenhuma delas!), o que sai realçado é, sem dúvida, o foco na criança, o respeito enquanto ser humano e no que ela consegue fazer, por ela, bem ou mal, mais depressa ou mais devagar.

E tudo isto é um caminho, que se faz caminhando. Sem fundamentalismos. Sem perfecionismos. Com a certeza de que os dias podem não ser todos tranquilos e com passarinhos a cantar. Mas que damos o nosso melhor para o conseguir!



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